MOMO TO MANJI: O MANGÁ PREMIADO QUE VOCÊ PRECISA CONHECER
Saudações, terráqueos e outras formas de vida! Hoje trouxe pra vocês um mangá histórico que, embora tenha passado algum tempinho desde meu primeiro contato com a leitura, deixou um grande impacto em mim.
Ficha Técnica
Título: Momo to Manji | 百と卍 (em inglês, Momo and Manji)
História & Arte: Sawa Sakura
Capítulos: 23 + extras
Status: Em desenvolvimento
Ano: 2015
Ambientada na era Bunsen (1818-1830) do período Edo, o mangá de Sawa Sakura nos apresenta Momo, um ex-kagema (termo histórico para prostitutos masculinos), e Manji, um ex-bombeiro que ganha a vida como músico errante. Depois de se aposentar dos bordéis e se estabelecer ao lado de Manji, Momo começa a trabalhar como professor de caligrafia para crianças.
Apesar da premissa aparentemente simples, a história merece cinco estrelas por enredar e desenvolver com maestria uma série de tramas bastante complexas. O mangá se torna mais sério à medida que avançamos nos capítulos, desvendando os passados infelizes dos protagonistas e testemunhando o crescimento pessoal deles como casal.
A história de Momo estilhaçou meu coraçãozinho em mil pedaços, pois a vida que os kagemas levavam é relatada sem floreios, sem fantasias, exprimindo a amarga realidade do sexo forçado e outras torturas que sofriam no período Edo. Por muito tempo Momo esteve acostumado a ser tratado como objeto sexual, e é aí que o flautista se tornou o seu arco-íris após uma longa tempestade: ciente de tudo o que Momo enfrentou anteriormente no bordel, Manji lhe dá amor, carinho, é cuidadoso e faz o possível para não machucá-lo durante os momentos de intimidade.
Dentro dessa narrativa bem encadeada, Manji também possui um passado terrivelmente doloroso. Parece que suas almas se entrelaçaram no ponto ideal de suas vidas. Eles não tem receio de demonstrar afeto, paixão e amor incondicional um pelo outro. Ao lado de Momo, Manji foi capaz de superar os anos de sofrimento, rejeição e solidão em que se martirizou por conta de sua sexualidade.
Os cenários, a estética dos personagens, as vestimentas, cada detalhe dos painéis parece ter sido retratado com muito empenho e respeito pela ancestralidade milenar. Eu só consigo pensar na energia que Sawa-sensei gastou em pesquisas para trabalhar com um contexto histórico tão amplo! E como para todo esforço há um fruto, ela não demorou a ser recompensada: além de 'Momo to Manji' ter conquistado a primeira posição no ranking de 2017 no Kono BL ga Yabai, a obra recebeu o prêmio de excelência no Japan Media Festival em 2019, organizado pela Agência de Assuntos Culturais do Japão. 'Momo to Manji' é o primeiro mangá BL ambientado no período Edo.
Alguns meses depois, Sakura participou de um talk show interessantíssimo sobre Boys Love e a conscientização do público para a temática LGBTQ+. Vale a pena conferir!
Em síntese, 'Momo to Manji' é uma linda história recheada de amor, lutas, dúvidas, abusos, vingança, erotismo, risadas, ternura e tristeza, enfim, uma poderosa carga de múltiplos sentimentos. A determinação de Momo para evitar que o seu passado trágico defina quem ele é; e a maneira como Manji se fortalece na resiliência de Momo é inspiradora. Se você é fã de romances históricos, o que está esperando para ir correndo ler?
Extras
Para ajudar o leitor a mergulhar de cabeça na cultura apresentada, no final de cada volume há uma espécie de guia ilustrativo, rico em curiosidades históricas e informações sobre o trabalho sexual de Edo, explicando o modo como os relacionamentos homossexuais eram vistos dentro daquele cenário, costumes, trajes típicos e et cetera. É uma verdadeira aula de história!
Genparo
Além disso tudo, a brilhantíssima Sawa Sakura também produziu um doujinshi de 'Momo to Manji' como casal nos dias atuais, intitulado 'Genparo', que saiu recentemente no Japão junto com a edição especial do quarto volume. Ambos serão disponibilizados no catálogo do futekiya ainda este ano. Na versão moderna do mangá, Momo foi desenhado como babá e Manji toca flauta tradicional como hobby.
Trailer CD Drama
Leia 'Momo to Manji' em futekiya.